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A economia dos presidenciáveis: Ciro Gomes



Nascido em 1957 na cidade paulista de Pindamonhangaba, Ciro Ferreira Gomes é o típico político de profissão. Tendo trocado 7 vezes de partido (atualmente está no PDT), esteve presente em diferentes esferas de governo, com destaque para o governo do Ceará e para a breve passagem como Ministro da Fazenda nos anos 90, na qual ficou conhecido por suas atitudes polêmicas.

Concorreu, sem sucesso, a duas eleições presidenciais: 1998 e 2002. Nessas disputas, assim como no período como Ministro da Fazenda, já apresentava retórica notavelmente desenvolvimentista, se opondo ao mercado financeiro e criticando os juros altos, a política de valorização cambial do governo do PSDB e os programas de privatização de estatais.

Em 2018, Ciro Gomes não trai seu histórico de defesa da atuação extensiva do Estado na economia, mas tenta desvencilhar sua imagem das políticas da Nova Matriz Econômica. Como velhos hábitos nunca morrem, sempre presentes em seu discurso estão a atitude combativa e a fala hiperbólica, que o colocam firmemente contra a maioria das medidas tomadas pelo governo de Michel Temer. Em entrevistas, já alegou que, caso eleito, reverteria a reforma trabalhista e a PEC do teto de gastos. Ciro, contudo, se mostra preocupado com o atual estado das despesas públicas e promete acabar com o déficit fiscal do Estado.

Para coordenar as propostas econômicas de sua campanha, Ciro conta com o economista Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e Mauro Benevides Filho, ex-secretário da Fazenda do Ceará. Ambos também defendem tradicionais posições desenvolvimentistas, mas apresentam suas ideias de modo mais conciliatório e nuançado do que o presidenciável, chegando às vezes até a contradizê-lo.


E dá bilhão?

O plano de Ciro para ajustar as contas do governo no curto prazo envolve reduções nas desonerações e revisão de todas as despesas do governo. Seu economista, Mauro Benevides, já acenou para a proposta de restituir temporariamente a CPMF e aprovar uma reforma tributária progressiva. A reforma estenderia impostos sobre heranças e doações, sobre lucros e dividendos e buscaria diminuir o nível de pejotização da economia. Esses aumentos, contudo, seriam compensados com reduções nos impostos sobre consumo.

Ainda se questiona se a suposta preocupação do presidenciável com o déficit fiscal seria compatível com sua proposta de retomar todas as licenças concedidas para exploração do pré-sal, atitude que, se feita de forma transparente, poderia gerar um custo na casa dos bilhões para os cofres públicos.


Manter as reformas de Temer?

A despeito da promessa de Ciro de acabar com a reforma trabalhista e “rasgar” a PEC 241, seus economistas não se mostram plenamente contrários a ambas. Benevides defende que, no caso da primeira, retirados alguns aspectos que o desagradam, como o status de mulheres gestantes, ela pode ser reaproveitada – alegando inclusive que o próprio Ciro Gomes tem a percepção de que as relações de trabalho atuais necessitam de uma legislação modernizada. Defende também que seja modelado um novo teto de gastos, que não inclua as despesas com saúde e educação, mas apenas com custeio e pessoal.

Mesmo tendo negado várias vezes no passado, agora Ciro Gomes admite que há sim um déficit na previdência, o qual ele alega estar na casa dos 25,3 bilhões de reais. É contrário, contudo, à proposta atual de reforma, defendida pelos governistas. No lugar, ele propõe a substituição do sistema de repartição pelo de capitalização da previdência, apesar de ainda não ter deixado completamente claro como seria feita essa custosa transição.


SPC, política industrial e privatizações:

Mais recentemente, Ciro Gomes defendeu em rede nacional a famigerada proposta de tirar 63 milhões de brasileiros do cadastro de inadimplentes, o SPC. Mais de 60 bilhões de reais dos bancos públicos seriam utilizados para descontos e negociações da dívida. Por fim, o candidato mantém a preocupação histórica com a política industrial, prometendo atingir uma taxa de câmbio dita competitiva para a indústria e utilizar recursos do BNDES para desenvolver o setor. Seus economistas já defenderam a privatização de algumas empresas estatais, excetuando as empresas “estratégicas”, como a Eletrobras e a Petrobras, que deveriam permanecer estatizadas.


Ciro também defende vigorosamente a redução dos juros, tanto do básico quanto do final. Em tom mais tranquilizador, seus economistas já alegaram que não cortariam a Selic na “canetada”, e assumiram que uma taxa baixa dependeria em boa parte da saúde fiscal do governo).



Leia aqui o artigo de Marina Silva da série "A economia dos presidenciáveis", publicado na senama passada! Acompanhe também nossa página, facebook.com/ligademercadofeausp, e fique por dentro de nossa série, com artigos novos até as eleições 2018, além de nossas publicações semanais na Markets Insights!

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