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A economia dos presidenciáveis: Jair Bolsonaro


Com o aumento exponencial de sua popularidade nos últimos dois anos, Jair Bolsonaro é hoje o principal representante da ala conservadora do país. Ex-militar e atualmente deputado federal pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro está no congresso há mais de 27 anos, concentrando seus projetos na área da segurança. Já acerca de temas sociais, o deputado é reconhecido por levantar polêmicas; no campo econômico, contradições.

Se no passado tomou posições contra o Plano Real e contra a independência do Banco Central – afirmando que este “decide a taxa de juros de acordo com os interesses dos colegas do mercado financeiro”, devendo, portanto, ser direcionado por escolhas políticas – hoje o candidato do Partido Social Liberal (PSL) se diz um árduo defensor do liberalismo econômico. Paulo Guedes, “Chicago Boy” e co-fundador do antigo banco Pactual, é o economista por trás de seu plano econômico, conhecido por suas posições liberalizantes: defende privatizações, manutenção e continuidade das reformas, e denuncia a persistência da “ineficaz social-democracia brasileira”. Ainda assim, em janeiro deste mesmo ano, Bolsonaro voltou a dar sinais de divergência do caminho que vinha e ainda vem tomando, dizendo que a reforma da previdência proposta por Meirelles levaria à “miséria dos aposentados por exigência do mercado financeiro”.

A desconfiança trazida por tais contradições levam o mercado a precificar sua candidatura de diferentes formas. Alguns vêem sua confiança depositada no plano de Paulo Guedes como prova de legitimidade. Outros destacam a incoerência e reveses de suas opiniões acerca dos temas econômicos – assim como sua instabilidade temperamental, a qual poderia significar o fim da parceria com o liberal.

Em relação às propostas apresentadas pela dupla, tem-se evidenciado a força do economista em seu plano de governo. O que mais chama a atenção no plano são as dualidades presentes nas políticas propostas, nas quais muitas vezes detona-se o liberalismo de Guedes junto ao passado estatista “obscuro” de Bolsonaro. Entre a onda de privatizações e o enxugamento do Estado, destacam-se as principais reformas apresentadas.


Reformas necessárias, reformas imediatas:

Evidentemente, a reforma da previdência e fiscal não ficaram de fora do plano. Enquanto para esta é sugerida simplesmente a “unificação e simplificação de impostos”, sem especificações, para aquela é sugerida uma proposta inovadora: o trabalhador recém aposentado tem a opção de seguir com o modelo de repartição ou o modelo individual de capitalização – com o benefício de redução de encargos –, com a constituição de um fundo para o modelo de repartição. A questão da reforma proposta é se tal incentivo proporcionará a transição necessária para a estabilidade macroeconômica de longo prazo.


As escolhas não param por aí…

Por parte da reforma trabalhista, tem-se mais inovações – e escolhas por parte do trabalhador. Não indo nem para lá, nem para cá, tal política pode vir a gerar descontentamento de ambos os lados: a proposta é que existam duas carteiras de trabalho, a azul, em que é mantida a legislação atual, e a verde e amarela, na qual prevalece o contrato individual entre empregador e empregado.


Bolsa família que nada:

A mais surpreendente entre as políticas anunciadas, cuja assinatura de Paulo Guedes – assim como de Friedman – está assinada embaixo, é nada menos que a Renda Mínima Universal. A ideia foi retomada com força internacionalmente nos últimos anos com a Finlândia criando programas de testes, além de já ser disseminada no país por um de seus maiores entusiastas: Eduardo Suplicy. A política consiste no recebimento de uma quantia (segundo o candidato, maior que a do Bolsa Família) por todas as famílias brasileiras, uma ideia do liberalismo neoclássico que tem por base os incentivos em gastos, trabalho e tomada de riscos.



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