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Demistificando a B3


Após quase um ano do anúncio da fusão da BM&FBOVESPA com a CETIP, a união foi permitida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), com algumas ressalvas e imposições da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Para entender a nova empresa, B3, que surge com a operação societária da BM&FBOVESPA com a CETIP, que possibilitará o funcionamento de todo mercado financeiro Brasileiro, devemos compreender a origem da B3.

BM&FBOVESPA

A BM&FBOVESPA é uma empresa que surgiu em 2008, como resultado da incorporação da BM&F pela Bovespa, gerando sinergias financeiras e operacionais tanto para os seus funcionários quanto para os usuários do mercado financeiro, que passaram a ter maior confiança institucional ao realizar negociações.

Seus principais objetivos são administrar mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos derivativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação. A Bolsa atua, principalmente, como contraparte central garantidora das operações realizadas em seus ambientes. Oferece ampla gama de produtos e serviços, como negociação de ações, títulos de renda fixa, câmbio pronto, ativos financeiros, índices, taxas, mercadorias, moedas, entre outros. A BM&FBOVESPA conta com um modelo de negócio diversificado e integrado, oferecendo sistema de custódia completo no qual as negociações são cursadas em meio exclusivamente eletrônico.

Os drivers do negócio estão intimamente ligados ao desempenho da economia Brasileira, visto que proporciona maior volume e valor nas operações da empresa. Além disso, a empresa tem muitas vantagens competitivas, como deter a confiança do mercado e ser essencial a todos os participantes do mercado financeiro. Esses fatores permitem a prática de boas margens de lucro e a estabilidade de previsões.

A Bovespa, além de ter o capital pulverizado, conta com excelente governança corporativa, antes liderada por excelentes executivos com larga competência e experiência no mercado de capitais, tem como seu último presidente, antes da fusão com a CETIP, Edemir Pinto.

CETIP

A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Título (CETIP S.A) é uma empresa que atua no mercado financeiro efetuando registros, negociações, liquidações e gestão de riscos; e sendo uma central depositária. Assim, é responsável por grande parte da estrutura de financiamento de títulos e unidades de valores mobiliários.

Seu modelo de negócio tem como função principal ser a contraparte central das negociações – vendedora de todos os vendedores e compradora de todos os compradores. Por conseguinte, gera externalidades positivas ao inserir no mercado agentes que não negociariam por conta de riscos sistêmicos, garantindo assim segurança em negociações e financiamentos.

Assim como a BM&FBovespa, a CETIP também conta com uma excelente governança corporativa. Gilson Finkelsztain, seu presidente desde 2013, é quem assumirá a presidência da B3.

B3

A empresa B3, resultante da fusão da BM&FBOVESPA com CETIP, adquire o posto de quinta maior bolsa do mundo.

A fusão das duas companhias resultará em uma financial markets infrastructure. Ao incorporar as atividades das duas mais importantes empresas do setor, a B3 não será uma empresa voltada somente a si mesma, e sim uma empresa fornecedora de estrutura completa para as negociações, tanto como centralizadora de negociações quanto como contrapartida dos financiamentos.

Como antes observado, a governança da nova empresa estará nas mãos do executivo Gilson Finkelsztain. Experiente no mercado de capitais, será o responsável por enfrentar o desafio das maiores exigências do CADE e da CVM graças a monopolização gerada pela junção.

Há diversas críticas à essa fusão. No decorrer do texto, iremos apresenta-las e verificar sua veracidade.

Um monopólio representa um fator negativo ao mercado de capitais, essa é uma das bandeiras levantadas pelos opositores. Apesar de ser verdade em grande parte dos mercados, nesse, especificamente, se verifica o contrário. Aliada à legislação brasileira, a concentração de poder da empresa permite uma melhor eficiência, evitando crises sistêmicas, como a que ocorreu no mercado americano em 2008, uma vez que o sistema americano não detém uma grande contraparte central.

Além de evitar situações como a Crise de 2008, há um benefício da centralização das operações pois nossa estrutura nunca sofreu manipulações como as descritas por Michael Lewis em seu livro Flash Boys, no qual o autor destaca manipulações do mercado de capitais devido à fragmentação do mercado de “bolsas”.

Que o monopólio talvez cause estagnação da empresa é mais uma falácia que se ouve. Analisando a B3, percebe-se uma das infraestruturas mais modernas do mundo e um investimento continuo para se manter na vanguarda tecnológica.

Outra crítica é que o monopólio gerará abusos por parte da empresa sobre os usuários. Pelo contrário, a união dessas empresas permitiu aos usuários mais importantes a possibilidade de opinar sobre as margens e seus preços. Soma-se a isso uma maior fiscalização do CADE e da CVM e tem-se um conjunto de benefícios que antes não existia.

Essa união causará uma redução de custos de cerca de 30%, uma vez que serão eliminados processos redundantes, haverá maior eficiência na alocação de capital e alto padrão de gerenciamento de riscos.

Essa fusão não irá prejudicar os acionistas? Não, pois a criação de sinergia ao longo do tempo, como ocorreu com antiga operação da BM&FBovespa, gera valor e incentiva um maior volume de negócios. Aliado a isso há o peso das expectativas, uma vez que a B3 se tornou uma top pick do mercado, devido à toda conjuntura e resultados financeiros.

Com tudo isso posto na mesa, podemos dizer que não há como crer que haverá grandes choques nas negociações e nem desfavorecimento dos usuários ou investidores. Ao contrário, devemos comemorar o fortalecimento da instituição, que permite que o mercado opere normalmente e reforça sua ética perante clientes e seus colaboradores.


Artigo publicado em julho/2017 na 17ª edição da Markets St.


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