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Quem se aposenta aos 65 anos?


Será justo um brasileiro deixar a labuta diária somente aos 65 anos? Será abusivo esperar tanto para se aposentar? Se é justo ou não, cabe a cada um julgar, mas o fato é que muitos já vivem essa realidade. A média de 60,7 anos mascara a amplitude do desvio padrão desse cálculo, desvio este bastante elevado em uma população multifacetada como a brasileira. As diferenças revelam-se de norte a sul. Desde as 27 unidades federais com claras diferenças regionais até a imensa disparidade entre as classes socioeconômicas.

Em 2014, o INSS fez um levantamento para apurar a média de idade que os benefícios previdenciários começam a ser distribuídos em cada um dos estados brasileiros. Os resultados são chocantes. Enquanto os catarinenses penduram as botas aos 57 anos, os naturais de Roraima são agraciados com a tão esperada aposentadoria somente aos 65 anos. São 8 anos de diferença entre estados de uma mesma federação, sob a mesma legislação, mas não com as mesmas oportunidades.

O abismo pode ser parcialmente explicado pelo mercado de trabalho e as regras de previdenciárias vigentes. Há duas formas de garantir o benefício: contribuir por 35 anos ou atingir a idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulheres, somado a 15 anos de contribuição. Sendo assim, quem consegue manter um emprego com carteira assinada durante 35 anos se aposenta entre 55 e 60 anos. Caso contrário, o indivíduo ficará na fila até acumular 15 anos de contribuição, independentemente de quanto tempo isto levará.

Além disso, há um outro agravante: expectativa de sobrevida. As pessoas que chegam aos 60 anos tendem a ultrapassar a expectativa de vida ao nascer. No Brasil, a população sexagenária chega, em média, aos 82 anos, uma sobrevida de 22 anos. Mas, assim como no caso da idade de aposentadoria, as diferenças regionais são demasiadas. Em Rondônia, os idosos vivem por mais 19 anos após os 60, ao mesmo tempo que capixabas têm um fôlego extra de mais de 23 anos, uma vantagem considerável.

Retomemos ao exemplo anterior, de Santa Catarina e Roraima. No primeiro caso, a idade média de aposentadoria é baixa e a sobrevida é alta. No caso roraimense as grandezas se invertem. Ao calcular quanto tempo o sistema previdenciário terá que desembolsar o benefício nos dois casos, o problema toma proporções alarmantes. Por 34 anos, os catarinenses recebem aposentadoria. Em Roraima, apenas meros 14,6 anos, menos da metade do tempo.

No final das contas, aqueles que gozam de situação financeira mais confortável e melhores condições de vida são os mesmos que aposentam mais cedo e vivem mais. Os desafortunados, que estão por toda parte, mas que se concentram nas regiões Norte e Nordeste, não desfrutam das vantagens daqueles que se recusam a ceder a Reforma da Previdência. A instituição de idade mínima a todos os brasileiros não só trará equilíbrio ao orçamento da União, mas também equidade às diversas camadas da população brasileira.


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